Traumas infantis e suas consequências.

ELS - Early Life Stress, traduzindo: Estresse no início da vida.

A expressão já tem abreviação na linguagem científica devido a quantidade de artigos publicados para demonstrar que sim o estresse precoce na infância pode sim trazer consequências negativas para as crianças e comprometer a vida delas para sempre.

Isto ocorre porque o estresse produz um processo inflamatório cerebral mediado por intensa atividade de corticoides endógenos com alto potencial de interferir no processo normal de poda sináptica que ocorre nos primeiros anos do desenvolvimento cerebral. Os estudos feitos em cobaias já são conclusivos a esse respeito.

O processo de poda sináptica é um processo normal do desenvolvimento em que as células glias promovem a eliminação de sinapses dendríticas, digamos assim, inúteis, passíveis de eliminação, ou seja, é uma poda saudável para promover o desenvolvimento mais harmonioso da planta, no caso nosso cérebro. Contudo, processos neuro inflamatórios podem interferir negativamente nesse mecanismo produzindo podas excessivas ou erráticas com consequências ao desenvolvimento normal do cérebro podendo ser responsável pelo aparecimento de doenças na juventude e idade adulta.

Os primeiros estudos realizados com monitoramento de imagens cerebrais e acompanhamento de processos bioquímicos cerebrais foram realizados em ratos expondo os mesmos ao que também já se convencionou chamar nestas pesquisas de BDS - Brief Daily Separation, ou seja, separação precoce dos ratos da mãe logo nos primeiros dias de vida. Estes testes permitiram observar um processo anormal da maturação neuronal que resultaram em alterações comportamentais que se estendem ao período juvenil.

Ninguém tem mais dúvida que a negligência infantil é altamente nociva para as crianças e para o futuro de uma nação, a menos que o objetivo seja produzir uma nação doente....

Contudo, temos também que observar as diversas formas de negligência infantil, pois as crianças são muito sensíveis e podemos estar negligenciando-as com coisas simples. Cada criança tem a sua maneira de sentir-se abandonada e é necessário conhecer suas sutilezas.

Fundamentalmente, mantenha-se conectado com seus filhos. Seja intuitivo. Se você perceber algo errado com os pequenos, procure saber o que está se passando, seja investigativo. Isso por si só, vai fazer seu filho sentir que você está interessado nele ou nela.

https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0889159117301976?via%3Dihub

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28931944


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